O Brasil teve déficit em transações correntes de 4,274 bilhões de dólares em agosto, desempenho mais fraco que o esperado e afetado sobretudo pelo aumento na remessa de lucros e dividendos para o exterior.
Em pesquisa Reuters com analistas, a expectativa era de um déficit de 3,96 bilhões de dólares. O dado efetivo foi o mais fraco para o mês desde 2014 (-5,998 bilhões de dólares).
Já os investimentos diretos no país (IDP) superaram as projeções, alcançando 9,47 bilhões de dólares no mês, ante estimativa de 6 bilhões de dólares.
Em agosto, a conta de renda primária ficou negativa em 4,727 bilhões de dólares, num rombo mais de quatro vezes superior ao registrado em igual mês de 2018.
A diferença veio principalmente da remessa líquida de lucros e dividendos, que chegou a 3,433 bilhões de dólares, contra apenas 464 milhões de dólares um ano antes.
O BC ressaltou que essa conta refletiu fundamentalmente um aumento das despesas brutas de lucros remetidos, de 804 milhões de dólares em agosto do ano passado para 1,9 bilhão no mesmo mês deste ano. Também contribuindo para essa performance, houve recuo na receita de lucros reinvestidos, de 1,6 bilhão de dólares para 157 milhões de dólares, na mesma base de comparação.
Enquanto isso, a balança comercial teve acréscimo de 14,5% em agosto sobre um ano antes, a 2,664 bilhões de dólares. Já as despesas líquidas com viagens internacionais caíram a 846 milhões de dólares, ante 900 milhões de dólares em agosto de 2018.
Nos oito primeiros meses do ano, o déficit em transações correntes alcançou 30,277 bilhões de dólares, alta de 38% sobre igual período do ano passado.
Para o ano, a expectativa traçada em junho pelo BC era de que o rombo em transações correntes seria de 19,3 bilhões em 2019. Contudo, diante do desempenho registrado até aqui, o BC deverá revisar sua projeção nesta semana, no Relatório Trimestral de Inflação.
Nos 12 meses até agosto, o déficit em transações correntes é de 33,852 bilhões de dólares, equivalente a 1,84% do Produto Interno Bruto (PIB) e no patamar mais alto desde março de 2016 (2,11%).