Em rota de choque com as áreas do governo que defendem as concessões de aeroportos para reforçar o caixa, a Infraero abriu 50 licitações, oferecendo 68 áreas de exploração comercial em 23 aeroportos, segundo levantamento realizado pelo jornal O Estado de S. Paulo no site da estatal. Estão na lista, inclusive, espaços em terminais que serão concedidos à iniciativa privada no ano que vem, como Vitória (ES), Recife (PE) e Cuiabá (MT).
Há desde espaços para instalação de máquinas de refrigerantes até uma área de 12,6 mil m² no aeroporto do Recife, que abrigaria um centro educacional. Os prazos variam de 12 meses a 300 meses. O valor global dos contratos supera os R$ 140 milhões.
Na semana passada, a Infraero já concedeu uma área de 28,5 mil m² no aeroporto de Congonhas para a Leroy Merlin, pelo prazo de 25 anos. A movimentação da estatal causa desconforto no governo, por causa do impacto desses novos contratos no programa de concessões de aeroportos.
A área econômica, por exemplo, se preocupa com o risco de o ágio por Congonhas ficar menor do que poderia. Um potencial investidor já teria enviado um e-mail a técnicos do governo questionando o aluguel do terreno no terminal paulista.
A avaliação nos bastidores é que a Infraero joga contra as novas concessões. A contrariedade da empresa com o processo foi deixada clara em carta enviada pelo presidente, Antônio Claret, ao ministro dos Transportes, Maurício Quintella. A Infraero está na área de influência do PR, partido do ministro. O ministério não se pronunciou.
A estatal informou que “todos os processos de compra e concessão de área da Infraero, bem como seus critérios, são regidos pela Lei n.º 13.303 (Lei das Estatais), havendo estudos específicos para as destinações respectivas conforme critérios técnicos e de mercado”. A nota diz ainda que o projeto Inova Congonhas, que prevê a expansão do terminal com concessão de áreas para exploração comercial, “encontra-se atualmente em fase interna e de revisão de premissas”.
Os novos contratos poderão ser um problema a mais para o governo. Com exceção de Congonhas, os demais são aeroportos de menor porte que, além do mais, serão licitados em pacotes com outros terminais deficitários. “Não são concessões fáceis de viabilizar”, disse a advogada especialista em concessões Letícia Queiroz, sócia do escritório Queiroz Maluf. “Entendo que a Infraero precisa licitar algumas áreas, mas, no caso dos aeroportos que serão concedidos, pode haver impacto negativo nos lances oferecidos em leilão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.