O senador Ricardo Ferraço (PSDB) pode ser excluído do inquérito que apura denúncias dos ex-executivos da Odebrecht. Segundo a revista Época, o ministro-relator da Lava Jato, Edson Fachin, encaminhou à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, os inquéritos que tramitam na Corte, pedindo a exclusão do senador tucano, do ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho (PMDB-PA), do senador Paulo Rocha (PT-PA) e do deputado federal Celso Russomanno (PRB-SP). Os quatro estavam até então na chamada “Lista de Fachin”.
O ministro quer que a presidente do Supremo promova a livre distribuição das apurações. Ainda segundo a Época, após analisar o parecer da Procuradoria-geral da República, Fachin concluiu que as investigações contra os quatro, não tem relação direta com a corrupção na Petrobras, portanto, devem ser submetidas a sorteio para a escolha de relatores que possam dar continuidade a elas.
As investigações foram baseadas nos depoimentos de 40 dos 78 delatores e as denúncias foram acatadas pelo ministro, em abril passado. No caso do senador capixaba, o pedido de inquérito foi feito a partir das declarações dos executivos da Odebrecht Sérgio Luiz Neves e Benedicto Júnior, que disseram ter feito investimento de R$ 400 mil para a campanha do tucano ao Senado em 2010, por meio do setor de operações estruturadas da construtora.
À ocasião, Ferraço era filiado ao PMDB, partido pelo qual disputou a eleição. O beneficiário foi identificado pelo codinome “Duro”. Ferraço, negou as acusações e cobrou celeridade para a apuração. Ele ainda abriu mão do foro privilegiado, garantindo que provaria sua inocência no caso. Ricardo Ferraço disse também nunca ter tratado do assunto com os delatores e que os processaria pelas denúncias.
Em nota, distribuida na tarde desta quinta-feira (21), o senador afirmou que “A decisão do ministro Edson Fachin confirma uma convicção que sempre tive: que a justiça seria feita. É um primeiro passo na direção daquilo que eu sempre acreditei em relação à minha inocência”, disse.
Embora o inquérito não tenha sido arquivado — Fachin pede a redistribuição —, Ricardo pode se livrar do rótulo Lava Jato, que tem um peso muito maior para sua imagem. Ao ver seu inquérito arquivado pela Justiça, no início de agosto, o governador Paulo Hartung (PMDB) se sentiu aliviado. Imediatamente voltou a ganhar destaque na mídia nacional.
Hartung entrou na Lava Jato a partir da delação do ex-executivo da Odebrecht Benedicto Júnior, que apontou o governador como suposto coordenador de repasses de R$ 1 milhão, via “caixa 2”, para seu grupo político nas eleições de 2010 e 2012. A defesa do governador alegou, à ocasião, que Hartung não disputou a eleição naqueles dois anos, por isso, não teria envolvimento com o caso.
Para o senador, assim como o governador, a saída da lista de políticos envolvidos na Lava Jato representa a retomada de condições eleitorais para o processo eleitoral do próximo ano. Ricardo Ferraço disputa a reeleição para o Senado. Hartung oscila sobre sua acomodação, mas a princípio, seria candidato à reeleição ao governo do Estado.
