Os dividendos políticos capitalizados pelo deputado federal Marcus Vicente (PP) por conta de sua influência na Caixa Econômica Federal (CEF), o que eleva seu prestígio como facilitador na liberação de recursos financeiros às prefeituras, não deixam seu caminho à reeleição desimpedido em 2018.
Ao mesmo tempo em que parece ampliar seu capital político-eleitoral em municípios como Serra, que teve liberados R$ 100 milhões da CEF, e Cariacica, agraciado com R$ 70 milhões do mesmo banco, o deputado vê crescer as formas de pressão exercidas pelo governador Paulo Hartung, a fim de impedir seu retorno à Câmara Federal.
No cenário federal, o PP se articula como pode para não perder os ministérios da Saúde, Cidades e Agricultura e a Presidência da CEF. Para isso, seus dirigentes conversam com interlocutores do governo federal, enquanto caminham para fechar com Ciro Gomes (PDT), o que poderá representar um racha e a perda de poder.
Dentro do próprio partido, no Espírito Santo, há fragmentação de votos, representada pelo Cabo Max, estreante na política eleitoral, mas com amplas perspectivas, por ser o candidato a federal mais prestigiado na Policia Militar, e o deputado federal Evair de Melo.
Os movimentos contrários à reeleição de Marcus Vicente alcançam até seu reduto eleitoral, Aracruz, norte do Estado. É ali que o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (PRB), carne-e-unha do governador e um dos cotados como vice em sua chapa ao governo, articula para barrar sua reeleição.
Juntamente com o atual secretário de Estado de Esportes, Marcelo Coelho, também ex-prefeito do município, os dois tentam construir a candidatura a deputado federal do ex-prefeito Ademar Devens (PSD), com a ajuda do Palácio Anchieta, a fim de impedir o retorno de Marcus Vicente à Câmara Federal. Devens, até então, aparece no mercado como mais um postulante do município à Assembleia.
O ex-prefeito virou réu em 2017, em uma ação de improbidade por supostas irregularidades na permuta de terreno entre o município e a empresa Imetame Metalmecânica Ltda. A transação teria ocorrido em 2005 e, por esse fato, ele teria entrada na ficha suja e se tornado inelegível até 2020.
Apesar do prestígio junto a prefeitos da região norte do Estado, por conta da facilidade de acesso que conseguiu em Brasília nos últimos dois anos, Marcus Vicente busca formalizar alianças que garantam seu projeto de reeleição. Tenta, assim, evitar a repetição de seu desempenho negativo em passado recente, quando perdeu duas eleições seguidas em 2016, quando foi derrotado em suas principais bases eleitorais, Ibiraçu, sua terra natal, com a esposa Naciene (PP), e em Aracruz, com o então aliado Erick Musso (PRB).